sábado, 24 de novembro de 2007

A Liderança Segundo Maquiavel

A Liderança Segundo Maquiavel

Uma introdução


Apresentar uma tese sobre liderança gera, em todos os sentidos que se
queira analisar, um grande desafio. Em primeiro lugar existem
diversas
escolas de liderança pregando métodos diferentes, todos buscando
alcançar o mesmo objetivo. Existem as escolas mais humanistas, outras
democráticas, já algumas defendem uma forma mais autoritária de
conduzir a liderança, e tantas outras formas de abordar o mesmo tema.


Escolhemos apresentar uma tese de liderança específica, influenciada
na teoria de Nicolau Maquiavel sobre o assunto, fazendo as adaptações
necessárias e, claro, incluindo conceitos modernos que estejam de
acordo com as idéias citadas.


Não temos a presunção de estar apresentando a teoria definitiva sobre
liderança, até porque não acreditamos que esta teoria possa existir.
Apenas queremos apresentar uma forma de liderança que possa, de
alguma
forma e em determinadas circunstancias ser útil às organizações e às
pessoas que ocupem cargos de chefia.


Gostaríamos de fazer dois alertas iniciais a todos que se ocuparem de
conhecer as idéias aqui apresentadas. O primeiro, é sobre o termo
"Maquiavelismo", que tem conotação negativa, quando se fala em
utilizar métodos escusos para obter determinados resultados. "Os fins
justificam os meios, e, por isto, vale tudo para atingir os fins
almejados, pensam algumas pessoas."


Neste caso podemos dizer que, assim como o bisturi é um instrumento
que pode ser utilizado para salvar vidas, mas também pode tirá-las,
muitas das idéias aqui apresentadas podem ser usadas de uma forma
positiva e útil nas organizações, como também de maneira negativa e
danosa nas mesmas. Vai depender ética e das intenções das pessoas
que
irão utilizá-las.


Outra advertência que gostaríamos de mencionar é sobre a natureza do
comportamento humano. Seria ideal que pudéssemos desenvolver uma
teoria puramente humanista levando-se em conta que essencialmente as
pessoas são boas e têm sempre comportamentos louváveis e previsíveis.
No entanto, como nos alerta Maquiavel, devemos esquecer a fantasia ou
a imaginação e tratar apenas da realidade, indo atrás da verdade
efetiva das coisas.


Por isto, é necessário levar em conta um conjunto de fatores sobre o
comportamento dos profissionais dentro das organizações que não são
necessariamente dignos de elogios, mas que são a expressão da
realidade em muitos casos.


Seria desejável que as pessoas tivessem apenas virtudes como:
generosidade, fidelidade, piedade, coragem, franqueza, benevolência,
bom humor, entusiasmo, disposição física e mental, entre outras boas
qualidades. Mas a verdade é que encontramos também avareza,
crueldade,
covardia, pusilanimidade, truculência, superficialidade, inveja,
cobiça, ambição desmedida, perversidade, intrigas e muitos outros
desvios de personalidade.


Desta forma, o líder precisar levar em conta todas estas
possibilidades de comportamentos. Muitas pessoas dentro das
organizações chegam mesmo a precisar de algum tipo de tratamento e,
no
entanto, continuam trabalhando normalmente e desta forma prejudicando
seus colegas de trabalho e os objetivos da organização. Por isto, às
vezes será necessário tomar decisões duras e difíceis que
desagradarão
alguns, mas que serão benéficas para muitos.


Na obra "O Príncipe", escrita no início do século XVI, Maquiavel
desenvolve um estudo sobre a natureza das ações dos "príncipes",
termo
que utilizava para designar todo mandatário que dirigia um país,
região ou província independente, e do comportamento de seus
liderados. O autor elaborou um verdadeiro tratado sobre como chegar
ao
poder e, mais importante, manter-se nele, de maneira eficaz. A partir
da análise do comportamento humano, mostrou como um líder pode
utilizar o conhecimento da natureza humana para influenciar as ações
de seus liderados.


Através do conhecimento de obras clássicas cujos princípios
sobreviveram através dos séculos é possível obter muita sabedoria e
aplica-las nos dias atuais. Este é o caso dos consultores americanos,
Al Ries e Jack Trout, que lançaram em 1986 o livro "Marketing de
Guerra", onde desenvolveram a tese do posicionamento tático
estratégico das empresas frente à concorrência.


Suas idéias foram baseadas nas teses do General Prussiano Karl Von
Clausewitz, em seu tratado "On War" (1832), texto obrigatório nas
principais academias militares do mundo. Neste livro, os autores
demonstram de forma inteligente como é possível às organizações
utilizarem os mesmos princípios da guerra convencional para
alcançarem
sucesso frente à concorrência.


Assim como o estudo das teses de Clausewitz permitiu que seus
princípios fossem utilizados com sucesso pelas organizações a partir
da analogia entre a guerra convencional e a batalha entre as
empresas,
também entendemos que muitas das idéias de Maquiavel, nesta obra,
poderão ser úteis aos lideres nas corporações. Tanto em empresas
públicas como nas privadas, e em diversas outras instituições, a
difícil missão de liderar pessoas e obter o melhor resultado do
trabalho delas poderá ser facilitada pela utilização das idéias aqui
apresentadas.


Existem muitas questões sobre liderança, analisadas por Maquiavel em
sua obra, que continuam incomodando executivos, diretores, gerentes
e
demais lideres empresarias na maioria das corporações atuais. Muitos
dos conceitos abordados em sua obra "casam como uma luva" nas
organizações, atualmente. Outros precisam de certas adaptações.


Para exemplificar podemos citar os títulos de alguns dos capítulos da
obra "O Príncipe":


· As qualidades pelas quais os homens, sobretudo os príncipes,
são
louvados ou censurados.
· A generosidade e parcimônia.
· A crueldade e a clemência: se é melhor ser amado do que temido,
ou o
contrário.
· Como evitar o desprezo e o ódio.
· Como um príncipe deve agir para ser estimado.
· Como evitar os aduladores.


O desafio de adaptar muitos destes conceitos à realidade das
organizações atual, é, em parte, facilitado por ser a obra de
Maquiavel um texto universal o suficiente para ter atravessado cinco
séculos de história mantendo-se válido para uma grande gama de
situações políticas e sociais. No entanto, no contexto em que
apresentamos foi necessário fazer a adaptação para a área
organizacional.


Nesta obra Maquiavel nos apresenta um estudo sobre a natureza humana
isento de preconceitos e ética, o que nos obriga a também realizar
uma
análise sobre estes aspectos para melhor contextualiza-los em nossa
realidade atual e utilizá-los de maneira útil para as pessoas e
organizações.


Nos próximos capítulos estaremos fazendo exatamente isto: analisando
passo a passo a obra "O Príncipe", e extraindo as idéias que poderão
ser utilizadas de maneira eficaz pelos lideres organizacionais, ou
seja, diretores, executivos, chefes, gerentes, supervisores e demais
cargos de chefia dentro das organizações para conseguir uma melhor
produtividade de seus colaboradores.


Acreditamos que este estudo poderá contribuir de maneira efetiva e
gerar um impacto positivo no resultado almejado pelos lideres
organizacionais. No entanto fica um sinal de alerta: Maquiavel se
isentou de considerações éticas na defesa de muitas de suas teses,
por
isto, solicitamos a todos que farão uso destas poderosas idéias, que
possam guiar-se pelas melhores intenções para o bem das organizações
e
das pessoas que nelas trabalham, tendo como juiz sua própria
consciência.


Ari Lima
cont...@arilima.com


Blog http://ari-lima.blogspot.com


Participe do grupo de discussão sobre liderança
http://groups.google.com.br/group/a-liderança


Obs.


A partir dos próximos dias estaremos publicando sequencialmente cada
um dos dezessete capítulos que compõem esta obra, que esperamos
possam
contribuir para esclarecer e ajudar na difícil tarefa de liderar

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